segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Cultura da Internet

A cultura da internet é a cultura de seus criadores porque os produtores da internet foram seus primeiros usuários e a cultura deles moldou o meio. No estágio atual de difusão global da internet, as pessoas que estão envolvidas com ela são divididas em dois grandes grupos:


  •  Produtores/Usuários: Aqueles que são diretamente responsáveis pelo desenvolvimento da internet.
  • Consumidores/Usuários: Aqueles que não são diretamente responsáveis pelo desenvolvimento da internet, isto é, embora exerçam um efeito agregado sobre a evolução da mesma.
A cultura da internet é constituída por 4 camadas culturais dispostas hierarquicamente.

1.    Cultura Tecnomeritocrática (tecnoelite):

Contribui diretamente para o avanço de um sistema tecnológico que proporciona um bem comum para a comunidade de seus descobridores. É a tradição acadêmica do exercício da ciência afim de estabelecer um progresso da humanidade. 

2.    Cultura Hacker.
Começa-se a ser um hacker a partir do ímpeto individual de criar. Eles não dependem de instituições para sua existência intelectual, mas dependem, efetivamente, de sua comunidade autodefinida, construída em torno de computadores.
Há na cultura hacker um sentimento comunitário, baseado na integração ativa a uma comunidade, que se estrutura em torno de costumes e princípios de organização social e informal.
A internet é o alicerce organizacional dessa cultura. A comunidade hacker, em geral, é global e virtual. Em geral, os hackers só se conhecem pelo nome que usam na internet, pois a identidades deles como hackers é o nome divulgado na net. A informalidade e a virtualidades são características essenciais da cultura hacker.
O que é comum na cultura hacker é a premência de reinventar maneiras de se comunicar com computadores e por meios deles, construindo um sistema simbiótico de pessoas e computadores em interação na internet. A cultura hacker, é em essência, uma cultura de convergência entre seres humanos e suas maquinas num processo de interação liberta . é uma cultura de criatividade intelectual fundada na liberdade, na cooperação, na reciprocidade e na informalidade.

Os hackers não são o que a mídia diz. Não são uns irresponsáveis viciados em computador empenhados em quebrar códigos, penetrar em sistemas ilegalmente ou criar o caos no tráfego dos computadores. Os que se comportam assim são chamados “crackers”, e em geral são rejeitados pela cultura hacker. 




3.    Cultura Comunitária Virtual:

Os primeiros usuários de redes de computadores criaram comunidades virtuais, e essas comunidades foram fontes de valores que moldaram comportamento e organização social.
Enquanto a cultura hacker forneceu os fundamentos tecnológicos da internet, a cultura comunitária moldou suas formas sociais, processos e usos.
As comunidades virtuais trabalham com base em duas características:
- a primeira é o valor da comunicação livre, horizontal.
- o segundo valor é o que o autor denomina de formação autônoma de redes. Isto é, a possibilidade dada a qualquer pessoa de encontrar sua própria destinação na net ou de criar e divulgar sua própria informação, induzindo assim a formação de uma rede.
A fonte comunitária da internet a caracteriza de fato como um meio tecnológico para a comunicação horizontal e uma nova forma de livre expressão.


4.    Cultura Empresarial:

A internet foi o meio indispensável e a força propulsora na formação da nova economia, erigida em torno de normas e processos novos de produção, administrativa e cálculo econômico. O ponto-chave é que os empresários ganharam dinheiro com ideias.
A cultura empresarial é uma cultura em que a soma de dinheiro a ganhar e a velocidade em que isso ocorrerá são os valores supremos. Ou seja, a cultura empresarial é, acima de tudo, uma cultura do dinheiro. Mas é também uma cultura do trabalho, trabalho compulsivo e incessante.

  • A cultura da internet – Conclusão:
A cultura da internet é uma cultura feita de uma crença tecnocrática no progresso dos seres humanos através da tecnologia, levado a cabo por comunidades de hackers que prosperam na criatividade tecnológica livre e aberta, incrustada em redes virtuais que pretendem reinventar a sociedade, e materializada por empresários movidos a dinheiro nas engrenagens da nova economia.  


Vídeo Sobre como a Mídia trata os Hackers:
 

Fonte: 

Castells, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Rede e o Ser


Uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação está remodelando a sociedade aceleradamente, devido a isto, está surgindo uma nova cultura.  As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida, e ao mesmo tempo sendo moldadas por ela. As mudanças sociais são tão drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica e podem ser observadas de diversas maneiras.
O próprio capitalismo passa por um processo de reestruturação caracterizada por uma maior flexibilidade e organização. Há uma redefinição da família devido à relação entre seus membros, da sexualidade e da personalidade. A consciência ambiental também foi remodelada e tanto os políticos quanto as empresas.
As sociedades estão cada vez mais estruturadas em uma oposição bipolar entre a Rede e o Ser. E a fragmentação social se propaga à medida que as identidades tornam-se mais específicas e cada vez mais difíceis de compartilhar.
  • Tecnologia, sociedade e transformação histórica:
A sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas. Um exemplo é que na década de 70, nos Estados Unidos, Califórnia, um novo paradigma, baseado nas tecnologias da informação, começou a ser construído (surgimento e a evolução da Internet). À medida que esta revolução se espalhou por outros países os objetivos com a tecnologia tornaram-se diversos.
Além disso, por intermédio do Estado, a sociedade pode sufocar o desenvolvimento da tecnologia ou entrar num processo acelerado de modernização, isto vai depender dos interesses estatais num determinado período.
  •  Informacionalismo, industrialismo, capitalismo, estatismo: modos de desenvolvimento e modos de produção.
A revolução da tecnologia da informação foi essencial para a implementação de um importante processo de reestruturação do sistema capitalista a partir da década de 80. No processo, o desenvolvimento e as manifestações dessa revolução tecnológica foram moldados pelas lógicas e interesses do capitalismo avançado.  O estatismo também tentou redefinir os meios de consecução de seus objetivos estruturais, entretanto a tentativa facassou a ponto de haver um colapso de todo o sistema, em razão a incapacidade do estatismo para assimilar e usar os princípios do informacionalismo embutidos nas novas tecnologias da informação.
De acordo com o autor, as sociedades são organizadas em processos estruturados por relações historicamente determinadas de produção, experiência e poder

  • Produção é a ação da humanidade sobre a matéria para apropriar-se dela e transformá-la em seu benefício.
  • Experiência é a ação dos sujeitos humanos sobre si mesmos, determinada pela interação entre identidades biológicas e culturais desses sujeitos em relação a seus ambientes sociais e naturais.
  •  Poder é aquela relação entre os sujeitos humanos que, com base na produção e experiência, impõe a vontade de alguns sobre os outros pelo emprego potencial ou real de violência física ou simbólica.
A comunicação simbólica entre os seres humanos e o relacionamento entre esses e a natureza geram culturas e identidades coletivas.
O produto do processo produtivo é usado pela sociedade de duas formas: consumo e excedente. O capitalismo visa a maximização de lucros, enquanto o estatismo visa a maximização do poder.
O industrialismo é voltado para a maximização de produção, já o informacionalismo visa o desenvolvimento tecnológico. A busca por conhecimentos e informação caracteriza a função da produção tecnológica no informacionalismo.

 
  •  O informacionalismo e a perestroyka (reestruturação) capitalista:
O novo sistema econômico e tecnológico pode ser adequadamente caracterizado como capitalismo informacional. A inovação tecnológica e a transformação organizacional garantem a velocidade e a eficiência da reestruturação.


(O ser na sociedade informacional)

Para o autor, identidade é o processo pelo qual um ator social se reconhece e constrói significado principalmente com base em determinado atributo cultural ou conjunto de atributos, a ponto de excluir uma referencia mais ampla a outras estruturas sociais.
Para Raymond Barglow, em resumo: a tecnologia esta ajudando a desfazer a visão do mundo por ela promovida no passado.


Um exemplo da crise dos padrões de identidade estabelecidos é a repercussão da seita Verdade Suprema no Japao em 1995.


(Líder da seita Verdade Suprema)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O Desenvolvimento da Percepção e da Atenção


As relações entre o uso de instrumentos e a fala afeta várias funções psicológicas, entre elas a percepção e a atenção.
A maneira pela qual crianças pequenas descrevem uma figura difere em estágios sucessivos de seu desenvolvimento.
  •     Dos estudos de Stern:
·         Uma criança com dois anos limita sua descrição a objetos isolados
·         Uma criança mais velha descreve ações e consegue perceber a figura como um todo.
Porém há uma contradição, outros estudos psicológicos mostram que os processos perceptivos de uma criança são inicialmente fundidos e só mais tarde se diferenciam.
Para solucionar este problema outro experimento foi feito, no qual a criança teria que explicar a figura através de mímica. Então, crianças de dois anos conseguiram perceber a figura perfeitamente e a representaram através de gestos e Stern interpretou isso como um produto das limitações do desenvolvimento de sua linguagem.
Quando a criança começa a falar os mecanismos intelectuais relacionados a fala adquirem uma função sintetizadora e as percepções cognitivas tornam-se mais complexas. Os elementos, separadamente, são rotulados e, então, conectados numa estrutura de sentença, tornando a fala analítica.
Conclui-se que a linguagem e a percepção estão ligadas, mesmo que não se fale para resolver um determinado problema. Toda observação humana consiste em percepções categorizadas ao invés de isoladas.
Todo processo de seleção pela criança é:

·         Externo.
·         Encontrado na forma motora.

O movimento não se separa da percepção. Já os adultos tomam uma decisão prévia interna e em seguida levam adiante a escolha.
Porém o uso de signos auxiliares rompe com a fusão entre o campo sensorial e o sistema motor tornando possíveis assim novos tipos de comportamento. Há uma conexão estabelecida internamente entre o estímulo e o signo auxiliar correspondente.
Com o auxílio da palavra, a criança começa a dominar sua atenção, criando um campo temporal que lhe é tão perceptivo e real quanto o visual.
A memória da criança transforma-se num método de unir elementos da experiência passada com o presente.
Como no caso da memória e da atenção à inclusão de signos na percepção temporal cria as condições para o desenvolvimento de um sistema único que inclui elementos efetivos do passado, presente e futuro.
A atividade voluntária mais que do intelecto altamente desenvolvido, diferencia os seres humanos dos animais filogeneticamente mais próximos. 



 FONTE:
VIGOTSKI S. L. A Formação Social da Mente. Cap. 2