A
cultura da internet é a cultura de seus criadores porque os produtores da
internet foram seus primeiros usuários e a cultura deles moldou o meio. No
estágio atual de difusão global da internet, as pessoas que estão envolvidas
com ela são divididas em dois grandes grupos:
- Produtores/Usuários: Aqueles que são diretamente responsáveis pelo desenvolvimento da internet.
- Consumidores/Usuários: Aqueles que não são diretamente responsáveis pelo desenvolvimento da internet, isto é, embora exerçam um efeito agregado sobre a evolução da mesma.
A
cultura da internet é constituída por 4 camadas culturais dispostas hierarquicamente.
1. Cultura
Tecnomeritocrática (tecnoelite):
Contribui
diretamente para o avanço de um sistema tecnológico que proporciona um bem
comum para a comunidade de seus descobridores. É a tradição acadêmica do
exercício da ciência afim de estabelecer um progresso da humanidade.
2. Cultura
Hacker.
Começa-se a ser um hacker a
partir do ímpeto individual de criar. Eles não dependem de instituições para
sua existência intelectual, mas dependem, efetivamente, de sua comunidade
autodefinida, construída em torno de computadores.
Há na cultura hacker um
sentimento comunitário, baseado na integração ativa a uma comunidade, que se
estrutura em torno de costumes e princípios de organização social e informal.
A internet é o alicerce organizacional
dessa cultura. A comunidade hacker, em geral, é global e virtual. Em geral, os
hackers só se conhecem pelo nome que usam na internet, pois a identidades deles
como hackers é o nome divulgado na net. A informalidade e a virtualidades são
características essenciais da cultura hacker.
O que é comum na cultura hacker é
a premência de reinventar maneiras de se comunicar com computadores e por meios
deles, construindo um sistema simbiótico de pessoas e computadores em interação
na internet. A cultura hacker, é em essência, uma cultura de convergência entre
seres humanos e suas maquinas num processo de interação liberta . é uma cultura
de criatividade intelectual fundada na liberdade, na cooperação, na
reciprocidade e na informalidade.
Os
hackers não são o que a mídia diz. Não são uns irresponsáveis viciados em
computador empenhados em quebrar códigos, penetrar em sistemas ilegalmente ou
criar o caos no tráfego dos computadores. Os que se comportam assim são
chamados “crackers”, e em geral são rejeitados pela cultura hacker.
3. Cultura
Comunitária Virtual:
Os primeiros usuários de redes de
computadores criaram comunidades virtuais, e essas comunidades foram fontes de
valores que moldaram comportamento e organização social.
Enquanto a cultura hacker
forneceu os fundamentos tecnológicos da internet, a cultura comunitária moldou
suas formas sociais, processos e usos.
As comunidades virtuais trabalham
com base em duas características:
- a primeira é o valor da
comunicação livre, horizontal.
- o segundo valor é o que o autor
denomina de formação autônoma de redes. Isto é, a possibilidade dada a qualquer
pessoa de encontrar sua própria destinação na net ou de criar e divulgar sua
própria informação, induzindo assim a formação de uma rede.
A fonte comunitária da internet a
caracteriza de fato como um meio tecnológico para a comunicação horizontal e
uma nova forma de livre expressão.

A cultura empresarial é uma
cultura em que a soma de dinheiro a ganhar e a velocidade em que isso ocorrerá
são os valores supremos. Ou seja, a cultura empresarial é, acima de tudo, uma
cultura do dinheiro. Mas é também uma cultura do trabalho, trabalho compulsivo
e incessante.
- A cultura da internet – Conclusão:
A cultura da internet é uma
cultura feita de uma crença tecnocrática no progresso dos seres humanos através
da tecnologia, levado a cabo por comunidades de hackers que prosperam na
criatividade tecnológica livre e aberta, incrustada em redes virtuais que
pretendem reinventar a sociedade, e materializada por empresários movidos a
dinheiro nas engrenagens da nova economia.
Vídeo Sobre como a Mídia trata os Hackers:
Fonte:
Castells, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.